História da Guitarra

Mostra Guitarras do Brasil


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     A jornada do surgimento da guitarra é tão cosmopolita e transgressor quanto o seu som! Ela, como a conhecemos, tem como antecessores instrumentos como o violão, a guitarra barroca, o ud, a gitara, e cítara, a cozba e muitos outros, e a cumplicidade com as regiões por que passa é outra de suas marcas registradas: do Egito a Itália, da Espanha aos Estados Unidos e o Japão, a guitarra sempre estabelece estreitos laços de parceria!
     Nos Estados Unidos, a empresa Rickenbacker começou a fabricar as primeiras guitarras nos primeiros anos da década de 30. O primeiro modelo de guitarra elétrica a ser comercilizado foi a "Electro Spanish", também conhecida como "fraying" (frigideira)

     Contudo, o principal responsável pela produção em massa e popularização do instrumento foi Leo Fender, criador da mais tradicional fabricante de guitarras que leva seu sobrenome e inventor da mais lendária das guitarras, na opinião de muitos: a Fender Broadcaster.



     Após a Segunda Guerra Mundial a guitarra se popularizou. Os anos 50 e 60 foi nítido o enorme espaço que ganhou no mundo da música. Hoje em dia, estima-se que existam cerca de 100 milhões de usuários de guitarra em todo o mundo.

Universal por natureza

     O mais popular e versátil instrumento do mundo se originou a partir da vilhuela, instrumento musical espanhol. E este, por sua vez, surgiu a partir de dois outros instrumentos mais antigos ainda: o "ud", com cinco cordas, muito popular no Oriente Médio; e a "cozba", um instrumento musical romano. O violão ou guitarra clássica surgiu na Itália, em 1870, e a guitarra elétrica foi uma modificação do próprio violão.
     As guitarras elétricas surgiram em 1930. Geravam um som muito grave e baixo, bem diferente do que conhecemos atualmente. Para ampliar a potência sonora do instrumento, usou-se captadores, que funcionavam como microfones.
    Porém, os captadores faziam os bojos das guitarras vibrarem, provocando a famosa alteração sonora chamada "feedback" ou "microfonia". Para solucionar esse problema, o corpo maciço foi a saída e esta invenção tem sua autoria pleiteada pelo famoso norte-americano Les Paul e também pela incansável e criativa dupla baiana Dodo e Osmar, enriquecendo ainda mais a história da evolução do instrumento.



Enquanto isso, no Brasil

     A história do instrumento no Brasil é uma excelente demonstração do espírito de cumplicidade cultural que o violão, e a guitarra, assumem com inúmeras regiões em que estão presentes!
     E por se tratar de uma história brasileira, é natural que os elementos que a formem sejam pitorescos e contenham figuras genuinamente populares.
     Nos anos 30 já existia indícios de instrumentos musicais elétricos em bailes de importantes salões de dança de São Paulo, animados ao som de Big Bands. Segundo os registros de empresas de fabricação de instrumentos e importantes luthielerias, os primeiros violões elétricos, ou guitarras, brasileiros foram fabricados nesta década. Assim, assume-se esta data como a oficial no surgimento do instrumento no Brasil, já com a adoção do corpo maciço.
     Nos anos 50, em São Paulo surgiu algumas das principais marcas e modelos de instrumentos, bem como os principais luthiers e empresas. O primeiro luthier a montar guitarra elétrica no Brasil foi Victório Quintillio, ou Sr. Vitório, como era chamado pelos guitarristas. Apos 25 anos trabalhando na fábrica de violões "Del Vecchio", passou a atender seus cliente em seu simpático atelier, onde construiu verdadeiras relíquias.
     A Del Vecchio e a Tranquillo Gianinni dominavam o mercado nacional, ao mesmo tempo que outros fabricantes e luthiers também tentavam produzir modelos de guitarra de maneira artesanal ou em série, surgindo marcas como Phelpa e Begher. Nos anos 70, a Snake e Ookpik foram as mais relvantes. Na década de 80 a marca mais emblemática é Dolphin, que quase monopolizou o mercado, e em 90 temos o surgimento da Phill
Os primeiros guitarristas brasileiros

     O estudo comprometido do instrumento também foi largamente impulsionado pelo rock and roll, mas muitos outros gêneros musicais e movimentos culturais contribuíram com a formação de excelentes guitarristas brasileiros.
     Do Choro e Frevo, fomos presenteados com Dodo e Osmar. Da Jovem Guarda surgiram Gato ( da Banda Jet Blacks), Aladdin (dos Jordans), Risonho e Mingo (dos Clevers, que depois se tornou Incríveis), para falar de alguns. Do tropicalismo e o rock, Sérgio Dias Batista e Lanny Gordin. De outros gêneros, temos Poly, Bola 7 ( que é considerado nos EUA pelos estudiosos do assunto o principal guitarrista de Jazz da sua época na América do Sul), Zé Menezes, o Alemão (Olmir Stocker - um grande representante da guitarra brasileira) Edgar Gianullo, entre outros.
    Vamos conhecer, década a década, o resultado dessa troca entre instrumento e a brasilidade, nas performances de músicos que fazem parte desta história!

Década de 40 viva o princípio do corpo sólido

     Não se conta a história da guitarra brasileira sem se contar a história da dupla Dodo e Osmar. Osmar Álvares Macêdo (22 de março - 1923 - 30 de junho de 1997) e Adolfo Antônio Dodô Nascimento (10 de novembro 1920 - 15 de junho de 1978) faziam parte do cenário musical de Salvador desde os anos 1930. Dodo havia ajudado a fundar o conjunto Três e Meio, do qual fazia parte Dorival Caymmi. Após a saída de Caymmi, Dodo chamou Osmar para substituí-lo.
    A divulgação do show "Benedito Chaves e seu Violão Elétrico" chamou muito a atenção da nova dupla, que ficou curiosa em saber o que seria o "violão elétrico". Osmar acreditava, inclusive, que se tratava de um violão que tocava sozinho!
    Ao final do show, extasiados, foram em busca de informação e Benedito Chaves permitiu, prontamente, que eles conferissem a construção e a parte elétrica do instrumento. A formação de radiotécnio de Dodo permitiu uma análise tão minuciosa que em poucos dias a dupla, agora "Dupla Elétrica", já se apresentava com o novo instrumento.
    Contudo, mesmo com o sucesso, o problema da microfonia (também sentido pelos norte-americanos) não havia sido resolvido. Após um ano de tentativas e erros, Osmar percebeu que o barulho estridente diminuía quando se colocava uma toalha no bojo do violão ou se cobria sua frente e deduziram que o problema estaria no corpo oco do violão.
    Há duas versões para o teste final que comprovaria a tese. Uma, mais comportada, diz que após a dedução, Dodo prendeu as cordas do violão na bancada de sua oficina, com um parafuso em cada extremidade. Colocou o microfone em uma das extremidades e, ao tocar, ouviu um som límpido.
    Já a segunda versão, mais apimentada, conta que Dodo, depois da descoberta, foi até a uma loja de instrumentos musicais de Salvador e pediu um violão e um cavaquinho, quebrou os bojos dos dois instrumentos e ficou só com os braços, pagou pelos dois sem nenhuma explicação, deixando todos os presentes assustados e curiosos. De volta para a oficina, Dodô montou cada braço numa tábua, colocou as cordas, ligou o som, e assim nasceu o pau elétrico!
    Outro ponto confuso diz respeito a real nacionalidade da invenção do corpo maciço, reinvidicada pelos Estados Unidos, que afirmam ter solucionado o problema da microfonia antes dos baianos. E esta trata-se de uma paleja sem fim que os documentos e registros da época não ajudam a esclarecer!
     Mas, independentemente do resultado, pode-se afirmar duas coisas: Dodô e Osmar fizeram o pau elétrico sem os norte-americanos e, o mais importante, a dupla abriu caminho tanto para a criação de um novo instrumento a partir do pau elétrico, a guitarra baiana, quanto para verdadeiros mestres como Armandinho Macedo, Aroldo Macedo, Fred Menendez, Vicente Santana e muitos outros que abrilhantaram a música popular brasileira.

Década de 50 - A Dupla Elétrica e sua Fobica

     Incansáveis criativos, a dupla Dodo e Osmar marcou presença também na década de 50 não só na história da guitarra no Brasil, mas também por terem revolucionado e transformado o carnaval e demarcar a Bahia como seu território genuíno.
     E, mais uma vez, foi de uma profunda troca de experiências sonoras que outro processo inovador teve início: o trio elétrico!
     Dias antes do início do carnaval de 1951, Dodo e Osmar testemunharam a invasão do frevo na cidade de Salvador com o desfile do Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas do Recife, que fazia uma parada na cidade em meio uma turnê nacional.
     Com calorosa e volumosa platéia, o desfile reuniu inúmeras pessoas numa folia nunca vista, inspirando a dupla a preparar seu Ford 29, chamado de Fobica pelos soteropolitanos da época, para poder executar clássicos do frevo pernambucano com seus exóticos paus elétricos em alto volume durante os festejos carnavalescos.
     O Fobica foi equipado com gerador de 2 quilowatts, altofalantes nas partes traseira e dianteira, e devidamente decorado para o domingo de carnaval! Dodo, Osmar e mais seis percussionistas juntaram-se ao corso de automóveis do desfile oficial na famosa Praça Castro Alves, sendo seguidos por muitas pessoas.

     Segundo registros, esta foi a primeira vez que o carnaval popular da Bahia conquistou espaço na parte oficial de seus festejos que, embora público, eram reservados exclusivamente às atividades das elites.
     A Dupla Elétrica se tornou Trio Elétrico no ano seguinte, quando Dodo e Osmar substituíram a Fobica por uma pickup Chrysler Fargo e mudaram a formação de duo para trio, adicionando um triolim (violão tenor) eletrificado, tocado pelo amigo Temístocles Aragão.
     Os anos seguintes foram de evolução, aperfeiçoamento e difusão de um novo jeito de fazer carnaval: em cima cima de um automóvel e tocando paus elétricos em alto volume!

Anos 60 - A década da invenção e das mudanças

     O olhar mais politizado da década de 60 trouxe conceitos que influenciaram a estética de diversas linguagens artísticas brasileiras, que assumiram compromisso com a valorização, divulgação e resgate de elementos nacionais nas artes plásticas, na literatura, no teatro e, sem dúvida, na música. As propostas foram marcadas por uma reinterpretação de influências estrangeiras sob a ótica da brasilidade.
     Assim, o rock and roll, que foi o grande responsável por difundir mundialmente a guitarra elétrica, no Brasil, trouxe como frutos bandas e movimentos culturais autênticos e genuínos com a Jovem Guarda e o Tropicalismo.
     No repertório da música instrumental brasileira verificou-se também uma maior presença de gêneros regionais, com maior ênfase à música nordestina.
     Algumas características pontuais podem ser observadas nesse período da consolidação da guitarra elétrica como um grande desenvolvimento do instrumento em seu espectro harmônico e a criação de algumas linguagens originais para improvisar novas melodias no instrumento. O repertório para a guitarra elétrica com certos idiomatismos foi ampliado e, apesar de todos os instrumentistas tocarem violão, a guitarra elétrica finalmente se dissocia desse instrumento, adquirindo contornos bem específicos.

Década de 70 - A fase adulta da guitarra brasileira

     A década de 70 pode ser vista como anos de amadurecimento musical dos experimentos estéticos musicais iniciados nas décadas anteriores.As bandas e os guitarristas passam a despontar no cenário internacional.
     Neta década, a guitarra foi definitivamente incorporada a nova música popular brasileira, e um dos primeiros guitarristas que se destacou nesse cenário foi Sérgio Dias, do grupo Mutantes. O músico e seu irmão Cláudio Dias construíram e desenvolveram guitarras, pedais e amplificadores que contribuíram decisivamente na identidade do som tocado por Sérgio. O estilo de sua guitarra elétrica reflete um refinamento de alguns riffs influenciados por guitarristas estrangeiros como George Harrison, dos Beatles.
     Outro guitarrista importante e que acompanhou vários músicos da Tropicália foi Lanny Gordin. O músico iniciou sua trajetória atuando em casas noturnas na capital paulistana como a boate Stardust, que era de propriedade de seu pai. Neste local se apresentava ao lado do músico Hermeto Paschoal tocando música instrumental e acompanhando cantores. O estilo da guitarra elétrica de Lanny é inovador em contraste com seus contemporâneos,pois soube incorporar influências como Jimi Hendrix com um refinamento harmônico presente em alguns guitarristas e violinistas brasileiros desde a década de 30.
     O instrumentista Pepeu Gomes também marcou a época, adotando um estilo voltado para o rock com influência da música brasileira, principalmente, do choro. Como integrante do grupo Novos Baianos, dedicou-se a outros instrumentos de corda como bandolim, cavaquinho e violão. Seu estilo na guitarra elétrica verificado em suas improvisações se caracteriza por adaptações de células rítmicas oriundas do choro, misturadas a influência do timbre e linguagem estilística do guitarristas Jimi Hendrix.

Década de 80 - A presença marcante da guitarra

     No mundo, as guitarras estavam em fúria com a consolidação do heavy metal como gênero musical admirado por uma grande massa de jovens. No Brasil, esta década tem muitos destaques, que vão do surgimento da primeira banda de carreira internacional deste gênero (Sepultura), ao surgimento considerável de guitarras profissionais, comparado às décadas anteriores. Tal crescimento foi proporcionado por uma mistura das inúmeras escolas de ensino livre e auto-didatismo, já que as universidades se abrirão para o instrumento somente na década seguinte.
     Esta década não é das mais marcantes na inovações sonoras ou técnicas, todavia é muito rica na estética, formato, aporte de equipamentos de nível profissional (a importação de instrumentos dos Estados Unidos e Japão tornava-se comum), e na presença maciça da guitarra em gêneros musicais tipicamente brasileiros, da bossa nova ao sertanejo, do forró à lambada, reforçando mais uma vez a enorme cumplicidade do instrumento com a nossa diversidade cultural.
     Nos anos 80 tivemos o movimento Rock Brasil (ou BRock, segundo Nelson Motta), de onde surgiram bandas com alguns guitarristas de destaque no rock e pop, tais como: Wander Taffo (Rádio Táxi), Herbert Vianna (Paralamas do Sucesso), Edgard Scandurra (Ira!), Roberto Frejat (Barão Vermelho), Lulu Santos, dentre tantos outros.
     Outro sintoma da profissionalização e aceitação do instrumento é o surgimento da figura do "sideman" (instrumentista que acompanha determinado artista), devido principalmente ao uso de arranjos de guitarras distorcidas no sertanejo, algo antes impensável, já que distorção (em níveis moderados) só era usada nas bandas de rock, blues e eventualmente no pop.

Décadas de 90 a 2000 - A guitarra segue sendo elétrica em um mundo cada vez mais eletrônico

     As músicas eletrônicas saem do experimentalismo e chegam maciçamente às rádios, festas e gravadoras. Junto aos diversos outros gêneros musicais, este novo jeito de fazer música, usando somente computadores,  fez com que a guitarra dividisse as atenções com os computadores. Mas a paixão dos guitarristas pelo instrumento ainda é responsável pelo exponencial aumento dos seus usuários, que cada vez mais aprendem a tocar o instrumento diretamente, sem passar por uma fase introdutória com o violão.
     No Brasil, o estudo do instrumento ganha cadeiras nas universidades de música e renomadas instituições de ensino da música popular. A imagem dos guitarristas ganha em prestígio e reconhecimento social e novos formatos e experimentos tornam-se corriqueiros, como a presença da guitarra em formações clássicas como sinfônicas e cameratas. 
     A guitarra passou a ser entendida como um instrumento que não celebra apenas a rebeldia, mas que pode encontrar um teor de nobreza relevante ao século 21.

A EXPERIÊNCIA DE CINCO GUITARRISTAS E GRUPOS BRASILEIROS COM O INSTRUMENTO

Armandinho


     Armandinho é o nome que se diz no diminutivo para um artista cujo talento e virtuosismo são superlativos. Com 18 obras gravadas (11 trabalhos solos) desde 1977, foi aos nove anos que o músico deu os primeiros indícios do que viria a ser o que é hoje.
     Impressionado com a facilidade com que o menino aprendia a tocar bandolim, o pai, Osmar Macedo, um dos criados do Trio Elétrico, resolveu passar para o seu filho seu vasto e eclético repertório. Inteligente, Osmar transmitiu tudo o que sabia de forma lúdica, desafiando Armandinho a apresentar uma nova música por semana.
     O aprendizado foi muito prazeroso e, bem diferente do que acontece com muitos aprendizes, Armandinho não sofreu os traumas das aulas de música enfadonhas, das escalas infinitas e repetitivas.
     Aos dez anos, já liderava o "Trio Elétrico Mirim" criado por Osmar, para que o público tomasse conhecimento do extraordinário talento do filho. O pequeno tocava frevos, números clássicos e, sobretudo, o melhor da música instrumental brasileira: Ernesto Nazareth, Pixinguinha, Garoto, Zequinha de Abreu, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim e tudo mais que se possa imaginar.
     A consagração nacional veio aos quinze anos quando venceu a eliminatória de "A Grande Chance", programa televisivo, apresentado por Flávio Cavalcanti, cuja finalíssima teve luar no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
     Como qualquer adolescente de sua geração, Armandinho mergulhou de cabeça no rock: Beatles, Jimi Hendrix, Rolling Stones lhe eram muito familiares. No entanto, jamais deixou de lado suas origens, o legado que recebera do pai. Ao contrário, incorporou a linguagem, o acento, a manha, as distorções roqueiras tanto ao bandolim tradicional, quanto à guitarra baiana, instrumento que fez escola, tornando-se a referência de novos guitarristas e, por que não dizer, da internacional música baiana.
     A essas alturas, já liderava o famoso "Trio Elétrico Armandinho Dodô Osmar". Convidado por Moraes Moreira, acompanha-o pelas turnês brasileiras e forma com Dadi, Mu, Gustavo e Ary Dias o grupo "A Cor do Som", que não demorou muito a ocupar por meses as paradas de sucesso e abrir as portas para as centenas de novas bandas que que surgiram no cenário brasileiro, já que sua intensa agenda internacional chamava a atenção dos estrangeiros não só para o grupo, mas também para toda a música baiana.
     A carreira solo deslanchou em 1987, com o estrondoso sucesso do show "Armandinho em Concerto". Daí para a frente o músico fez ricas parcerias com artistas e grupos como Artur Moreira Lima, Dino Sete Cordas, Marcos Pereira e o Época de Ouro.
     Hoje, Armandinho está entre os compositores mais gravado por inúmeros ícones da música popular brasileira.

Heraldo do Monte

     "A importância da minha forma de tocar guitarra para a música brasileira é devida principalmente a minha sorte de ter vivido em uma época na qual não havia, no Brasil, uma maneira de improvisar baseada em motivos nossos, da música do nosso povo.
     Como membro do Quarteto Novo, fui co-criador dessa linguagem. Apesar de ser um guitarrista de Jazz, sempre escutava os repentistas de cordel, bandas de pífanos, Jacob do Bandolim, Luiz Gonzaga, Pixinguinha e tudo que você imaginar de nossa música mais autêntica.
     Antes da gente, só composições e arranjos. Os improvisos eram na linguagem "bebop". Pode pesquisar gravações de antes de 1966. Quanto à técnica, não sou um "fritador", embora não consiga ficar tão calmo como alguns guitarristas que admiro.
     Sabia que sendo um bom guitarrista de Jazz, não estaria contribuindo muito para a história de nosso instrumento... são milhares, alguns com personalidade, outros diluídos, sem estilo próprio.
     Com o fim do Quarteto Novo, voltei para as outras linguagens mas ganhei ( e dei de presente para o mundo) uma nova, para quando quiser usar.
     É bom lembrar que esta linguagem não parece tão original hoje em dia porque o nosso som fez eco em muitas pessoas, foi entendido e absorvido.

Continua....